Nesse período onde há a diminuição de
chuvas e o tempo fica mais seco, vários focos de queimadas são encontrados
facilmente em Canaã dos Carajás, região do Pará. O médico Paulo Henrique, com
atuação pela Pró-Saúde no Hospital 5 de Outubro (HCO), explica sobre os riscos
da fumaça para a saúde e, principalmente, como se prevenir.
O especialista comenta que são vários
problemas relacionados com a inalação da fumaça de queimadas, que podem gerar
sintomas mais leves, além de outros mais graves. “Dor e ardência na garganta,
tosse seca, cansaço, falta de ar, dificuldade para respirar, dor de cabeça,
rouquidão e lacrimejamento e vermelhidão nos olhos. Esses sintomas podem variar
de pessoa para pessoa e dependente ainda da quantidade e do tempo de exposição
à fumaça”, explica.
Paulo ressalta que as vias respiratórias
são as áreas mais afetadas no corpo, agravando os quadros de doenças prévias,
como rinite, asma, bronquite, além da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
(DPOC). No entanto, também pode desencadear ou agravar outras doenças, entre elas
a insuficiência cardíaca e respiratório, pneumonia e quadros de alergia. “Os
extremos de idade, ou seja, crianças e idosos, são os que mais sofrem, por
serem mais sensíveis”, destaca.
E tudo isso acontece porque a fumaça
proveniente das queimadas contém diversos elementos tóxicos ao corpo humano. O
mais perigoso é o material particulado, formado por uma mistura de compostos
químicos. Como o próprio nome diz, são partículas de vários tamanhos que, ao
serem inaladas, percorrem todo o sistema respiratório e conseguem transpor a
barreiras de proteção do organismo, atingindo os alvéolos pulmonares durante as
trocas gasosas, chegando até a corrente sanguínea e provocando efeitos nocivos.
Outro composto prejudicial é monóxido de
carbono (CO). Quando inalado, ele também atinge o sangue, onde se liga à
hemoglobina, o que impede o transporte de oxigênio para células e tecidos do
corpo. Isso tudo desencadeia um processo inflamatório sistêmico, com efeitos
prejudiciais sobre o coração e o pulmão. Em alguns casos, pode causar a morte.
Quais os cuidados com a saúde?
Para amenizar os riscos das queimadas
para à saúde, é importante, na medida do possível, evitar a proximidade com
incêndios, manter uma boa hidratação - tomar bastante água -, e crianças
menores de 5 anos e idosos maiores de 65 anos, manter os ambientes da casa e do
trabalho fechados, mas umidificados, com o uso de vaporizadores, bacias com
água e toalhas molhadas. Fora isso, em caso de urgência, deve-se buscar ajuda
médica imediatamente.
No contexto da pandemia, esses danos
pioram a infecção provocada pela Covid-19, devido a própria agressão
desencadeada pelos efeitos tóxicos da fumaça das queimadas: inflamação
sistêmica principalmente do sistema respiratório, associado a uma diminuição da
defesa do organismo frente ao vírus agressor e à piora da oxigenação tecidual.
Desde 2006, o Hospital 5 de Outubro é
gerenciado pela Pró-Saúde. A unidade foi fundada pela empresa Vale e projetado
para apoiar as operações da Mina Sossego e a implantação do projeto S11D.
O hospital possui estrutura de pequeno
porte, mas com capacidade para atender casos de até média complexidade. Possui
ambulatório para consultas eletivas, Pronto Atendimento 24 horas, instalações
de internação com enfermarias e apartamentos individuais e suporte diagnóstico
em diversas especialidades.
No ano passado, a unidade foi
certificada pelo Programa Nacional da Qualidade (PNQ), concedido pelo Conselho
Federal de Enfermagem (Cofen), que reconhece a qualidade e segurança da
assistência.