Os solteiros são a maioria no Brasil,
atingindo a marca de 89 milhões de pessoas, segundo o último Censo do IBGE de
2010. Somado a isto, o número de novos solteiros também tem aumentado por conta
dos divórcios, sobretudo neste período de pandemia. Um levantamento do Colégio
Notarial do Brasil (CNB) apontou que os divórcios consensuais cresceram 18,7%
entre maio e junho deste ano. Neste cenário, não é à toa que hoje (15 de
agosto) se comemora, no Brasil, o Dia do Solteiro.
Mas a origem da data vem de mais tempo e
de muito longe. O Dia do Solteiro tem origem chinesa, ocorrido pela primeira
vez em 1993, sendo comemorado por lá no dia 11 de novembro. A ideia surgiu em
contraponto ao Dia dos Namorados, sendo uma data para estimular as pessoas
solteiras a se presentearem. Desta forma, a tradição chegou ao Brasil da mesma
maneira que Black Friday: por meio do mercado varejista com promoções especiais
para o dia.
O Dia do Solteiro também ressalta uma
mudança que vem acontecendo gradualmente no padrão de consumo dessas pessoas:
cada vez mais pessoas passeiam, vão ao cinema, almoçam fora sozinhas e não por
falta de opção. É o caso da servidora pública, Sílvia Lima, 26. Solteira, ela
conta que nem sabia da data, mas que sempre gostou de sair sozinha e se
presentear. "Eu nunca imaginei que tivesse um dia do solteiro, por isso eu
não pensava em me presentear 'por esse dia', porque é uma coisa que já faço no
cotidiano. Acontece geralmente quando sobra um dinheiro e eu acho que mereço
tal coisa", ela explica.
Sílvia também comenta que o hábito de
passear desacompanhada às vezes é mais prático e confortável, pois acontece
naturalmente ao longo da sua rotina, sem precisar se planejar previamente e
marcar com alguém. Neste sentido, ela conta como acontecem e quais são os seus passeios
preferidos: "O que eu mais fazia mesmo era ir ao cinema. Na maioria das
vezes eu até prefiro ir ao cinema sozinha, porque tem vezes que estou
aproveitando uma situação do tipo 'passei pelo shopping para fazer uma coisa e
dá tempo de assistir um filme', ou às vezes eu ia só usar a lotérica e, já que
estava lá, acabava comendo um lanche na praça de alimentação".
Diferentemente do que muita gente pode
pensar, Sílvia ressalta que é bastante cômodo e natural fazer todas essas
atividades sozinha: "Isso pra mim se tornou muito comum. Às vezes eu acho
estranho que alguém ache estranhos esses hábitos que, para mim, são muito
comuns".
Como os cinemas ainda não voltaram a
funcionar, devido ao estado de pandemia, Sílvia conta que ainda não sabe ao
certo o que se daria de presente neste dia, mas pondera: "Poderia fazer um
lanche com uma amiga ou amigo, dar um passeio na papelaria ou visitar lojas de
eletrônicos, que eu gosto muito. Talvez compre algo que eu possa usar em estudo
ou entretenimento esses tempos".
As atividades citadas por Sílvia também
são as mais comuns, segundo a percepção do gerente de marketing do Shopping
Metrópole, Marcelo Reuters, quando questionado sobre o padrão de consumo das
pessoas que costumam ir ao estabelecimento sozinhas: "Já estava se
tornando muito frequente, principalmente nos dias de semana, que pessoas fossem
ao cinema sozinhas. Também é possível perceber que é cada vez menos incomum ter
clientes desacompanhados almoçando na praça de alimentação ou vindo ao shopping
para passear sozinho, comprar um mimo. Geralmente itens como livros, produtos
de higiene, papelaria, telefonia e vestuário são setores que eles mais
vão".
E para quem faz parte deste grande time
de solteiros, mas ainda tem algum receio de sair e fazer alguma atividade
desacompanhado, Sílvia deixa a dica: "Dê uma chance para se conhecer,
aprenda a apreciar sua própria companhia e para isso, comece identificando
quais atividades você gosta independente de ter companhia ou não. E comece a
aproveitar.
Por mais que muitos pensem que fazer tal
atividade sozinho pode ser um ato de solidão, ao adotar esta prática você vai
perceber que é muito mais um ato de liberdade".