O retorno ao trabalho após o período de
licença maternidade é um dos períodos mais difíceis para as mulheres no
pós-parto, e muitas mães, que desejam cuidar do bebê por mais tempo ou que não
contam com uma rede de apoio, têm muitas dúvidas ou não sabem como conciliar o
trabalho e a amamentação.
De acordo com a psicóloga da Pró-Saúde,
Paola Lima, que atua no Hospital Materno-Infantil de Barcarena Dra. Anna Turan
(HMIB), no interior do Pará, essa é uma fase que costuma ser permeada por
bastante angústia, medos e insegurança e a mulher pode identificar seus
diferentes papéis sociais, como uma forma de conciliar a nova rotina com o
filho.
Para aliviar o coração das mamães, a fonoaudióloga Amanda Lima explica que é possível manter o aleitamento materno mesmo com a retomada do trabalho, desde que a mãe se prepare para isso, contando com uma rede de apoio para suporte e informação especializada.
“Muitas mães vivem esse dilema, em maior
ou menor grau, e nós sempre procuramos orientar sobre a troca de experiências e
rodas de conversas para mostrar possibilidades. É possível organizar a rotina
sanando os principais receios, como perda de vínculo com filho ou baixa
produção de leite, por exemplo”, explica a profissional.
A produção de leite se dá de acordo com a demanda da criança, ou seja, quanto mais o bebê sugar, mais leite é produzido. “No entanto, é possível ainda manter o estímulo com a ordenha com horários regulares, para isso, ensinamos como ordenhar, posicionamentos e massagem para as mamas, assim a extração continua mesmo a mãe longe do filho'', aponta Danielly Souza, nutricionista do Materno-Infantil de Barcarena.
A duração total da licença maternidade pode ser usada para amamentar exclusivamente. Mas a especialista orienta a começar a ordenha antes, assim, a mãe treina o bebê para receber o leite com copinho e colher. “Além disso, a mãe também pode iniciar um estoque de leite materno no freezer ou congelador, para que um cuidador ofereça o alimento ao bebê quando ela estiver fora. O leite tem validade de até 15 dias, dessa forma, a mãe retornará ao trabalho segura de que seu bebê estará bem alimentado”, comenta a nutricionista.
“Como somos uma unidade certificada pelo Ministério da Saúde como hospital Amigo da Criança, também orientamos a não oferecer mamadeira ou chuquinha, onde é fácil para o bebê extrair o leite. Isso pode fazer com que o bebê confunda os bicos e recuse o seio depois, interferindo no vínculo mãe-bebê”, completa a nutricionista.
- Rede de apoio
De acordo com Paola, a mulher precisa contar com uma rede de apoio que entenda os benefícios do aleitamento materno e embarque com a mãe nessa jornada, e para que essa mãe se sinta confortável na separação do bebê e volta ao trabalho.
"A rede de apoio pode ser familiares, amigos ou escolas, que devem ser acordados os papéis com dias de antecedência, para que aconteça as adaptações, como a hora da mamada e hora do bebê ficar com a rede de apoio. A pessoa que ficará com o bebê (em casa ou na creche) pode fazer a oferta do leite no copinho que foi ordenhado pela mãe. Esse suporte fará muita diferença no físico e emocional da mulher'', explica.
A profissional orienta a procurar um local reservado, que traga conforto, e siga orientações de higiene e armazenamento para facilitar o fluxo do leite, garantindo o alimento do bebê. “Por vezes, se o trabalho for perto, o pai ou familiar pode levar a criança no horário de intervalos para amamentação, como garante a lei. Essa ajuda é essencial para a mãe se sentir acolhida e segura”, complementa.
- Direito garantido por lei
De acordo com a legislação brasileira, a mulher tem o direito de ter dois intervalos, de meia hora cada um, durante a jornada de trabalho, que não devem ser confundidos com os intervalos normais para repouso e alimentação, para amamentar o seu filho até os seis meses de idade.
Quando a saúde do filho exigir, o período de seis meses poderá ser aumentado, a critério do médico. A profissional também pode ter a jornada de trabalho reduzida, em até 2 horas, caso a duração do trabalho seja superior a seis horas, quando o estabelecimento não dispõe de local para amamentação e não há possibilidade de ir até o bebê.
Inaugurado em 2018, o Materno-Infantil
de Barcarena realiza atendimento 100% pelo SUS (Sistema Único de Saúde). A
unidade integra a rede pública de saúde do Governo do Pará, sendo gerenciado
pela entidade filantrópica Pró-Saúde, por meio de contrato de gestão com a
Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
A certificação é concedida pelo
Ministério da Saúde às instituições que cumprem os "Dez Passos" para
o Sucesso do Aleitamento Materno, instituídos pelo Unicef (Fundo das Nações
Unidas para a Infância) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e os
critérios de habilitação estabelecidos pela Portaria nº 1.153/2014.