Crédito: Divulgação
O serviço de fissuras e anomalias
craniofaciais da Fundação Santa Casa do Pará possibilita a reabilitação de
centenas de pacientes atendidos pelo hospital, que conta com uma equipe
multiprofissional que realiza o atendimento e o acompanhamento de usuários de 0
a 72 anos.
A fissura labiopalatina, também
conhecida como lábio leporino ou fenda labiopalatina, é uma abertura que pode
existir entre os ossos e músculos dos lábios e palato (céu da boca), devido ao
não fechamento dessa estrutura ainda na fase gestacional.
O diagnóstico precoce e a obtenção de
informações seguras sobre a malformação ainda é um desafio a ser solucionado. A
ausência de tratamento adequado pode levar a sequelas irreversíveis, que afetam
a sucção, deglutição, mastigação, respiração, fonação, audição e,
principalmente, a harmonia estética da face.
Ao todo, 1.158 pacientes são cadastrados
no serviço desde que foi implantado o serviço na Santa Casa, no ano de 2018. O
número de cirurgias realizadas desde o início foram 786, além de outras 101
cirurgias em deformidades craniofaciais, que contou com a inclusão da equipe de
neurocirurgia. Em 2021, foram realizadas 233 cirurgias em pacientes que buscam
o serviço no hospital.
Crédito: Divulgação
Para Cintia Martins, médica e cirurgiã
plástica, o tratamento para a reabilitação das fissuras labiopalatinas
inicia-se com as cirurgias plásticas primárias - queiloplastia e palatoplastia
- realizadas nos primeiros meses ou nos primeiros anos de vida. Porém, o
sucesso no tratamento se deve ao apoio de toda equipe multidisciplinar que
inclui cirurgião plástico, assistente social, fonoaudióloga, ortodontista,
odontopediatra, bucomaxilo, fisioterapeuta, otorrino e pediatra.
"A correção completa não se resume
apenas no reparo anatômico. Realizar o acompanhamento com toda equipe
interdisciplinar é essencial para o sucesso da reabilitação de pacientes
portadores de fissuras labiopalatais", destaca a médica.
Diagnosticado alguns dias após o
nascimento, Christian Carvalho do Reis, de apenas um mês de vida, foi
encaminhado para o serviço de referência estadual assim que a fissura do palato
foi identificada pela equipe da maternidade.
Os principais contratempos do bebê com
fenda no palato são relacionados à dificuldade de sugar o seio com eficiência
pela falta de pressão intraoral e porque a língua não tem o apoio do palato
duro para realizar os movimentos adequados.
A dona de casa, Nely de Fatima Gonçalves,
25 anos, e o entregador de aplicativo, Danilo dos Reis Bezerra, 28 anos, pais
do pequeno Christian, relatam que desde os primeiros dias de vida foi possível
perceber a dificuldade de sucção causada pela má formação, comprometendo a
alimentação do recém-nascido e tornando-se um desafio para a mãe e seu bebê.
Crédito: Divulgação
"Nós percebemos, ainda nos
primeiros dias, que o Christian ficava muito cansado na hora da amamentação e
tinha dificuldades para sugar o leite. Não imaginávamos que teríamos todo esse
apoio ainda na maternidade. Com o esclarecimento da equipe multiprofissional do
serviço de fissuras e anomalias craniofaciais da Santa Casa, nós entendemos
como será a cirurgia, e que o Christian pode ter uma vida normal", contou
a mãe.
Apesar da dificuldade de sucção presente
nas crianças com fissuras em razão da impossibilidade anatômica de isolar a
cavidade oral, da falta de apoio e de estabilização do bico do peito, bem como
da posteriorização da língua, o aleitamento materno exclusivo durante os seis
primeiros meses de vida deve ser estimulado, principalmente no lado da fissura.
Isso contribui para fortalecer o vínculo
materno-infantil, assegurar o crescimento das bases ósseas, uma relação
maxilomandibular adequada e o correto desenvolvimento da articulação
temporomandibular, além de servir como exercício muscular prévio à
queiloplastia, favorecendo a cicatrização da área corrigida cirurgicamente, e
auxiliar na prevenção de infecções
Serviço: O serviço da Santa Casa oferece
equipe ambulatorial multidisciplinar em paralelo à correção cirúrgica,
contribuindo significativamente para um bom desenvolvimento psicológico e
social destes pacientes, que em sua grande maioria vivem em isolamento e
possuem dificuldade em fazer amigos e ir à escola. Conta ainda com apoio da
SmileTrain, uma instituição filantrópica internacional que presta auxílio para
que toda população acometida tenha atendimento adequado, em tempo certo, com
equipe capacitada e material apropriado.