Santa Casa alerta para importância do teste do pezinho para a saúde das crianças

 

Para enfatizar a importância da triagem neonatal, é comemorado no Brasil nesta segunda-feira o Dia Nacional do Teste do Pezinho - 06 de Junho. Atualmente, o exame é um dos instrumentos mais importantes para detectar doenças graves em recém-nascidos. O teste do pezinho é obrigatório por lei e totalmente gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). É essencial para diagnosticar e tratar precocemente doenças que afetam o desenvolvimento de crianças, como a anemia falciforme, a forma mais grave de doença falciforme, que acomete mais de 30 mil brasileiros. 

Na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, referência em atendimento materno-infantil, o serviço é disponibilizado às crianças que, por complicações no parto, ficam internadas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica. Em 2021, cerca de 4.700 bebês foram beneficiados pelo exame na Santa Casa. Só no primeiro semestre de 2022, mais 1.500 testes já foram realizados. 

De acordo com a pediatra neonatologista Vilma Hutim, presidente da Sociedade Paraense de Pediatria, o teste do pezinho é um benefício para as famílias, porque permite que todo brasileiro, independentemente de sua condição financeira, possa ser testado ao nascer para seis doenças, que se não forem detectadas de forma precoce e tratadas a pessoa terá doenças graves, que a impediram de ter uma vida normal, podendo até provocar a morte. "O diagnóstico precoce pode fazer a diferença na vida dessas crianças, evitando uma série de complicações", afirma a pediatra.

 Diana Lobato, responsável técnica pelo Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (Crie), da Fundação Santa Casa, explica que o êxito do teste depende da coleta no tempo ideal, que é do 3º ao 5º dia de vida do bebê. "Com o teste do pezinho é possível promover o tratamento específico, que permite diminuir ou eliminar lesões irreversíveis, e até mesmo evitar a morte. Por isso, realizar o teste é necessário, ainda que não haja histórico familiar dessas doenças. Mesmo numa criança saudável no nascimento, os primeiros sintomas podem demorar meses ou anos para se manifestarem", acrescenta Diana Lobato. 

Como é feito o teste do pezinho? - A amostra, a partir de gota de sangue tirada do calcanhar do recém-nascido, é coletada numa folha de papel filtro nas maternidades e unidades de saúde, e encaminhada para análise ao Laboratório Central do Estado (Lacen-PA). O resultado fica pronto em 20 dias. 

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) ressalta que quando o resultado do teste do pezinho apresenta alguma alteração é solicitada uma segunda amostra ao município, para comprovação. Se der normal, o resultado é liberado. Mas caso a alteração permaneça, os responsáveis pela criança são informados, e o bebê é encaminhado para tratamento no Serviço de Referência de Triagem Neonatal da Uremia. 

Além das maternidades e unidades básicas de saúde, a coleta de amostra de sangue pode ser feita na Uremia (Unidade de Referência Materno Infantil).

 Doenças identificadas pelo teste do pezinho

 Hipotireoidismo congênito: A tireoide do bebê não produz, ou produz menos que o normal, o hormônio tireoidiano (T4), que é essencial ao desenvolvimento da criança.

 Fenilcetonúria: É provocada por um erro inato do metabolismo, caracterizado pelo acúmulo da Fenilalanina no sangue. 

Doença falciforme e outras hemoglobinopatias: São doenças de herança genética em que há alteração da forma ou na quantidade de hemoglobina (componente essencial do sangue), que transporta oxigênio para os tecidos. 

Fibrose cística: Doença genética hereditária em que há acúmulo de secreções nos pulmões, trato digestivo e em outras áreas do corpo. 

Deficiência de biotinidase: Causada por erro inato do metabolismo que leva a uma falha na produção da enzima biotina. 

Hiperplasia adrenal congênita: Engloba um conjunto de alterações genéticas caracterizadas por diferentes deficiências enzimáticas na produção de hormônios nas glândulas suprarrenais, localizadas logo acima dos rins.