Incentivos devem continuar na UFPA - Foto Ascom/UFPa |
Apesar do corte de 22% das bolsas
de iniciação científica financiadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) em todo o país, não haverá redução do número de
bolsas na Universidade Federal do Pará (UFPA). A Instituição compensará a
oferta dos incentivos à iniciação científica dos seus alunos com recursos
próprios. De acordo com a Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da UFPA
(Propesp) a maioria das bolsas já é custeada pela universidade. Em 2015, das
1.200 bolsas de iniciação científica concedidas, 50% foram concedidas pela
Universidade, 35% pelo CNPq e 15% pela Fapespa. Para diminuir o impacto do
corte das bolsas anunciado pelo CNPq, a federal paraense compensou com o seu
orçamento as 80 bolsas que deixou de receber do Conselho, mantendo o mesmo
número de bolsas para 2016.
A pró-reitora de Pesquisa e
Pós-Graduação da UFPA, Iracilda Sampaio, explica que, embora não haja redução
no número de bolsas este ano, a UFPA sofre com a redução dos benefícios
custeados pelo CNPq.
Corte contradiz crescimento da
pesquisa na universidade - “Pesquisadores que antes poderiam receber duas
bolsas de iniciação científica – como previsto no edital - só puderam receber
uma bolsa em 2016; e pesquisadores que se qualificaram e se planejaram para ter
pelo menos uma bolsa, não vão ter, porque o corte veio acompanhado de uma
demanda crescente por bolsas, ou seja, mais alunos que precisam e mais
professores qualificados e nós não temos essas bolsas pra ofertar. Portanto,
nós temos um corte efetivo que vai impactar muito a graduação e a
pós-graduação”, enfatiza.
O Programa de Bolsas de Iniciação
Científica (Pibic) tem como objetivo apoiar a criação e consolidação de grupos
de pesquisa e qualificar o ensino de graduação nas universidades públicas
brasileiras. As bolsas são concedidas a graduandos que recebem orientação de
docentes e técnicos, coordenadores ou participantes de projetos de pesquisa
registrados na Instituição.
Laboratórios podem não funcionar
por falta de recursos e de bolsistas
De acordo com a Pró-reitora, esses
cortes irão impactar de duas maneiras: na formação do aluno e na produção de
pesquisa, sendo que ambas sofrem uma influência cíclica. “Além de nós não termos o aluno
dentro do laboratório, ajudando e aprendendo a fazer pesquisa, nós não temos
recursos para comprar os insumos para fazer essa pesquisa. Por conta disso,
corremos o risco de alguns laboratórios, principalmente os novos, que estavam
esperando recursos para a compra de seus equipamentos e materiais de consumo,
pararem de funcionar. Com os laboratórios fechados por falta de recursos, os
alunos não tem a chance de aprender a fazer pesquisa, que é algo básico numa
instituição. Isso, a longo prazo, é uma situação muito preocupante porque pode
afetar a pós-graduação”, alerta.
Previsão para 2017 é incerta -
Iracilda Sampaio ressalta, ainda, que os cortes também desestimulam os
pesquisadores. “Os jovens doutores, que estão ingressando na Instituição, se
sentem desestimulados a fazer pesquisa porque não têm acesso aos recursos que
tiveram nos últimos anos”. Para 2017, o cenário que se
apresenta, segundo a Pró-reitora, é de incertezas no ensino superior. “Nós não
sabemos o que vai acontecer. Nós tínhamos um governo que investiu muito no
ensino superior. O Brasil é um dos poucos ou talvez o único onde o ensino é
público e gratuito desde o infantil até a pós-graduação. Além de ser público e
gratuito, o governo ainda concede bolsas. Pelo que estamos vivenciando até
agora é uma sinalização para a privatização do ensino superior. E se isso vier
a ser concretizado, será um desastre para a sociedade, sobretudo para um Estado
como o nosso, que tem um grande número de alunos carentes”.
* Colaboração Assessoria
de Comunicação da UFPA