Nesta sexta-feira, 31 de março, é
comemorado o Dia Nacional da Saúde e Nutrição, e o hospital Ophir Loyola chama
a atenção da população sobre a importância da boa alimentação para a manutenção
da saúde e a prevenção do câncer de estômago, a segunda neoplasia mais tratada
na instituição, o segundo tipo mais incidente em homens e o terceiro, em
mulheres.
O cirurgião Oncológico Alessandro
França explica que a doença é considerada um problema de saúde pública mundial
e no Pará tem forte ligação com o padrão alimentar: uma dieta pouco nutritiva
que favorece certas condições associadas ao câncer gástrico como, por exemplo,
o elevado consumo de sal.
“Geralmente, o câncer de estômago
tem uma causa ambiental, então a alimentação é uma das principais causas da
maior incidência no estado. Antigamente, devido à falta de refrigeradores, as
pessoas acabavam consumindo alimentos salgados, situação ainda muito comum nas
áreas de pesca, onde os pescadores passam muito tempo em alto mar e levam as
alimentações conservadas em sal, um grande risco para esse tipo de cancro”,
informou.
Campanhas
Este ano 690 pessoas devem
desenvolver a doença no estado, 460 no sexo masculino (taxa bruta 11,38 por 100
mil habitantes) e 230 no sexo feminino (taxa bruta 5,85 por 100 mil
habitantes).
O diagnóstico é feito pela
endoscopia digestiva simples. O difícil é a pessoa identificar que aquele
sintoma seja ocasionado pelo câncer ou não. Na fase inicial, pode ser
confundido com outras doenças, como gastrite ou uma indisposição gástrica e o
indivíduo acaba se automedicando ou fazendo uso de chás, medidas que aliviam,
mas não curam e retardam o diagnóstico.
“A doença é agressiva e quando
apresenta sintomas mais agudos já está bem avançada e o tratamento fica muito
mais difícil. O índice de cura ainda é baixo devido ao diagnóstico tardio,
geralmente a sobrevida em cinco anos varia de 20 a 30%”, alertou Alessandro
França.
Os tumores gástricos se
desenvolvem a partir de lesões da mucosa gástrica, originadas pela ação de
diferentes fatores de risco, como alto consumo de alimentos conservados em sal,
defumados, enlatados, com corantes e tabagismo. Para a prevenir a enfermidade é
necessária uma mudança no estilo de vida, como não fumar, manutenção do peso
corporal, alimentação saudável e melhorias no saneamento básico.
A ocorrência do câncer de
estômago é duas ou três vezes maior em países em desenvolvimento, com médio ou
baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), bem como alta prevalência de
infecção pela H. pylori (Helicobacter pilori). Essa bactéria presente nos
alimentos e água potável aumenta cerca de seis vezes a incidência. A infecção a
longo prazo pela H. Pylori pode causar o câncer de estômago, mas não são todos
os subtipos da bactéria.
“Essa bactéria é o principal
agente isolado para a formação desse tipo de câncer. É uma infecção muito
prevalente no Brasil e no mundo, mais de 50% da população mundial é infectada
pela bactéria, que é adquirida na infância e persiste ao longo da vida. Ela
causa gastrite crônica, que, sem tratamento, evolui para gastrite atrófica e
evolui lentamente até se tornar um câncer”, afirmou o cirurgião oncológico.