Usuários do Centro de Atenção
Psicossocial Álcool e outras drogas (CAPS AD) ganharam programação especial
nesta quinta-feira, 11, alusiva ao Dia Nacional de Luta Antimanicomial,
celebrado no próximo dia 18 de maio. Rodas de conversa, ioga, atividades
artísticas, música, teatro e dança foram os instrumentos utilizados para promover
a ressocialização e a inclusão de pessoas com transtornos mentais.
Um dos muros do CAPS AD foi
escolhido para receber pinturas coloridas e desenhos feitos pelos próprios
usuários. O momento foi muito significativo para Raimundo Audifran, usuário há
seis meses do CAPS, que aproveitou para retomar um antigo hobby: a pintura,
atividade que ele abandonou por causa do uso de drogas e uma vida, segundo ele,
repleta de “farras”. “As drogas me afastaram do meu hábito de desenhar. Hoje é
muito bom poder colocar em prática. Tinha uma vida sem sentido, viajava muito
para os interiores como pedreiro. Vivia muito em 'farras' e foi quando me
envolvi com as drogas. Mas, no dia de natal do ano passado, resolvi fazer umas
contas e percebi que o que eu gastava com drogas poderia fazer muitas coisas
boas para minha família”, recorda.
Audifran decidiu mudar de vida
e contou com a ajuda do irmão para chegar ao CAPS. Atualmente, ele está no
acolhimento intensivo. “Estou passando por um tratamento intensivo, com uma
equipe muito boa, que me mostra o quanto sou capaz”, conta. Ele está quase de
alta. Conseguiu um emprego e já tem vários planos, sendo o principal resgatar
sua família.
Para a gerente do CAPS AD,
Angélica Elmescany, a programação foi montada uma semana antes da data oficial
para que os usuários do CAPS pudessem comemorar a data com uma programação só
para eles e por eles. “Precisamos sempre comemorar esse momento histórico para
a saúde mental do Brasil, que marca o fim dos manicômios e o início de um
tratamento inclusivo e humanizado. Hoje, o CAPS busca a inclusão por meio de
parcerias para dar alternativas para que a pessoa com transtorno mental possa
ter oportunidades ao sair daqui. Nosso
usuário é atendido de acordo com o seu histórico e não só pelo transtorno em
si, levamos em conta a parte social", afirma.
Atento às falas da equipe do
CAPS e com lágrimas nos olhos, Gilson Colins, 44 anos, recordou, durante a
montagem do “Varal de Luta”, toda a sua trajetória como usuário de drogas e a
decisão de buscar tratamento. “Eu achava que estava tudo bem, mas não enxergava
a escuridão que a minha vida estava até que encontrei voluntários que faziam
atendimento de rua, que me levaram ao CAPS. Aqui fui acolhido e sou incentivado
todos os dias a buscar uma vida livre das drogas. Eu me achava um gatinho, mas
descobri um leão dentro de mim e é com ele que luto. Aqui tenho uma família e
amigos que me mostram que eu sou importante. Hoje sou muito feliz e pretendo
sair de cabeça erguida e retomar minha vida”, relatou. Seu Gilson fez questão
de ressaltar que a programação de hoje tirou todos da rotina e a participação
também é uma forma de reação.