Após firmar protocolo de intenções em 2016 com a Secretaria de Estado de
Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme), para transformar sua
produção de polpa de açaí no Pará numa indústria com produtos de valor
agregado, a empresa Frooty Comércio e Indústria de Alimentos anunciou que sua
unidade será instalada no município de Mocajuba e já postulou inclusive a
licença de instalação na Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semas).
A informação foi repassada ao secretário Adnan Demachki, titular da
Sedeme, responsável por conduzir a política industrial do açaí, com base em
critérios de agregação de valor, sustentabilidade do empreendimento e
desenvolvimento econômico de municípios com baixo Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH).
“Somente a produção da polpa do açaí e levar esse produto para
industrializar em São Paulo ou outro Estado não interessa ao Pará’’, ressaltou
Adnan Demachki, na reunião em que o diretor de Suplementos da Frooty, Carlos
Soares, apresentou o projeto industrial de fabricar uma linha de produtos mix
de açaí, a partir do fruto comprado diretamente de 200 famílias de pequenos
produtores rurais de Mocajuba, o que eliminará a figura do atravessador. Cerca
de mil pessoas serão beneficiadas com esse processo de produção às margens do
rio Tocantins.
A Frooty Alimentos atua há 20 anos no mercado brasileiro com o segmento
de fruticultura, sendo 97% de sua produção comercializada no País. Carlos
Soares disse que o Grupo tem avançado no mercado exterior, exportando 3% da
produção, principalmente para os Estados Unidos. É justamente para os Estados
Unidos que irão os produtos industrializados a serem fabricados com o açaí
extraído dos campos naturais de Mocajuba.
"Poderíamos ter ido para qualquer outro município brasileiro, mas
queremos Mocajuba pela estratégia de logística que é a produção às margens do
Tocantins, pela alta qualidade do açaí paraense e porque nós temos obrigação de
apoiar Estados que enxergam lá na frente, e com o projeto Pará 2030, não tem
como ser diferente", ressaltou o diretor de Suplementos, referindo-se à
política estadual de incentivos fiscais e ao tratamento institucional garantido
pelo Governo do Pará.
"Empreender e fazer uma empresa crescer é uma tarefa difícil. Uma
das maneiras de contribuir com o setor produtivo, que em muitos momentos
precisa de apoio externo, é por meio de políticas públicas de desenvolvimento
da economia, entre elas o incentivo fiscal", destacou o secretário Adnan
Demachki, que frisou a importância da Frooty decidir-se por Mocajuba como sua
sede matriz, numa ação impulsionadora da economia local.
Nos últimos meses, a Sedeme vem registrando um acelerado processo de
verticalização da cadeia de açaí no Pará. A empresa Goola Açaí, por exemplo,
também assinou um protocolo de intenções com a Sedeme, a fim de obter apoio
para a planta industrial que o grupo finaliza em Ananindeua, município da
Região Metropolitana de Belém.
O empreendimento da Goola está praticamente pronto para produzir itens
como o sorbet de açaí puro ou misturado com banana e guaraná. O sorbet é um
tipo de sorvete mais leve, sem leite, feito basicamente com água e frutas.
Os incentivos estaduais em formato de leis também têm atraído grupos já
consolidados na praça estadual, como o Amazon Polpas, que há 12 anos funciona
no Pará, no município de Castanhal, nordeste paraense, e que projeta um
investimento de R$ 36,6 milhões para os próximos cinco anos, destinando cerca
de R$ 7 milhões à compra e instalação de máquinas e equipamentos. Em projeto
apresentado à Sedeme, a Amazon Polpa se compromete a investir em novos produtos
como: açaí liofilizado, bebida mista, sorbet, açaí clairificado e o energético
de açaí.
A Sedeme analisa os projetos citados com rigor, a fim de definir se eles
estão adequados à política industrial preconizada pelo Estado. Na prática,
quanto maior é o grau de agregação de valor para a verticalização da cadeia
produtiva, maior é a concessão de incentivos. Além disso, frisou Adnan
Demachki, a localização da empresa também pesa no ato de concessão de
benefícios, pois quanto mais baixo for o IPS – Índice de Progresso Social –
maior apoio ela receberá para se estabelecer em cidades menos desenvolvidas;
além de critérios de geração de empregos e percentual das compras e insumos no
Pará.
Outra empresa que foi contemplada com a política industrial do Estado é
a Bela Iaçá, do Grupo Petruz. Além da polpa de açaí, a Bela Iaçá quer incluir
em sua linha de produção o suco e o néctar da fruta. Vale ressaltar que esta
empresa está instalada desde 2005 em Castanhal e já fabrica produtos
verticalizados, tais como “bebida mista”, sorbet e o próprio sorvete tradicional,
entre outras polpas de frutas. Para o projeto em questão, o empreendimento quer
investir R$ 19 milhões nos próximos cinco anos, sendo R$ 8,2 milhões destinados
à compra de novas máquinas e equipamentos necessários para um parque mais
moderno.
A Petruz Fruity, também do Grupo Petruz, apresentou à Sedeme o
investimento de R$ 10,7 milhões, sendo 4,6 milhões em máquinas e equipamentos,
a fim de fabricar novos itens, como o sorbet, sorvete, suco e o próprio néctar.
A Petruz Fruity produz bebida mista congelada, além da polpa convencional de
açaí, desde sua criação em 2008.