A Coordenação Estadual de Mobilização
Social da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) desenvolve um trabalho
intensivo de conscientização para prevenir acidentes provocados por eixos de
motor de barco - ainda um dos principais meios de transporte utilizado por
ribeirinhos - com o reforço de campanhas e ações realizadas pela Comissão
Estadual de Enfrentamento aos Acidentes de Motor com Escalpelamento. E os
resultados têm sido motivos de comemoração. As estatísticas apontam para uma
redução expressiva desse tipo de acidente, que este ano ainda não gerou nenhum
registro.
“Para alcançar esse resultado, durante o
mês de julho a Sespa intensificou a Campanha de Verão contra o escalpelamento,
que atingiu 12 municípios considerados prioritários, por terem liderado as
ocorrências desse tipo no ano anterior. A campanha foi um sucesso, considerando
a adesão dos municípios e das próprias vítimas, que também se envolveram na
ação. Avançamos mais uma etapa sem nenhuma ocorrência no mês de julho”, celebra
Socorro Silva, coordenadora estadual de Mobilização Social, destacando que ao
longo do ano são realizadas seis campanhas pontuais contra o escalpelamento.
A redução dos casos de escalpelamento se
dá por meio de um trabalho integrado feito com o apoio da Marinha do Brasil,
Fundação Santa Casa de Misericórdia, Defensoria Pública do Estado, Secretaria
Estadual de Transportes (Setran), Capitania dos Portos, Ministério Público do
Estado, Sindicato dos Médicos do Estado, Sociedade Paraense de Pediatria e
Secretaria de Estado de Educação (Seduc), entre outras entidades parceiras da
Comissão de Erradicação dos Acidentes com Escalpelamento.
“A redução mostra que o caminho é esse:
intensificar as campanhas educativas e a fiscalização para finalmente alcançar
a erradicação dos acidentes causadores do escalpelamento”, ressalta Socorro.
Atualmente, a Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará coordena o processo
de implante de orelhas em vítimas desse tipo de acidente, que entre 2006 e 2017
somaram 129 casos atendidos.
A coordenação de Mobilização Social,
vinculada à Diretoria de Políticas de Atenção Integral à Saúde (DPAIS) da
Sespa, também vem promovendo reuniões com a rede de parceiros, propondo
descentralizar o fornecimento da cobertura de eixo de embarcações para que o
serviço chegue mais rápido à população ribeirinha. “O trabalho de combate ao
escalpelamento foca não só na rede de prevenção, como também na de cuidados. O
exemplo disso é o processo de qualificação dos profissionais da saúde para o
primeiro atendimento e a conquista do implante de orelhas”, destaca Socorro.
As vítimas de escalpelamento também
recebem um apoio fundamental do Espaço Acolher, da Fundação Santa Casa de
Misericórdia, que desde 2003 hospeda pacientes vítimas desse tipo de acidente
oriundos de municípios do interior, que precisam dar continuidade ao tratamento
médico em Belém.
Semana Paraense - A próxima etapa dessa
força-tarefa é a realização da 3ª Semana Paraense de Enfrentamento aos
Acidentes de Motor com Escalpelamento, que será levada entre os dias 21 e 27 de
agosto a diversos municípios que historicamente trazem registros de casos do
tipo, como Abaetetuba, Limoeiro do Ajuru, Curralinho, Breves, Portel, Bagre e
outros.
Ações - A Política de Enfrentamento aos
Acidentes de Motor com Escalpelamento, implantada pelo Governo do Pará, visa,
por um lado, garantir o direito das vítimas a uma ampla rede de serviços
assistenciais e, por outro, promover a conscientização pública por meio de
campanhas, mobilizações sociais e acordos com gestores municipais, atuando de
forma mais efetiva nesse sentido por meio da parceria com a Capitania dos
Portos, para distribuição e colocação gratuitas de coberturas de eixos de motor
e fiscalização das embarcações da navegam pelos rios paraenses.
Dados - O Arquipélago do Marajó e o
oeste paraense lideram as procedências das vítimas de escalpelamento. Ao todo,
42 municípios compõem essa lista. Mas o balanço dessas ocorrências mostra a
eficácia do trabalho que vem sendo feito: de 1982 até dezembro de 2014 foram
registrados 409 casos de escalpelamento, contra 11 em 2015, seis em 2016 e
nenhum até o presente mês de 2017.