O imbróglio foi tema de reunião
promovida nessa terça-feira (26) pela Câmara de Populações Indígenas e
Comunidades Tradicionais do MPF (6CCR) com comunidades indígenas diretamente
afetadas pela Ferrogrão. A Munduruku é uma das 19 etnias que tradicionalmente
habitam a região e se tornaram invisíveis para o empreendimento, não tendo seus
direitos devidamente reconhecidos nem sendo reparados pelos danos. “Nós já
vimos a quantidade de problemas que a rodovia [BR-163] nos trouxe. Aumentou o
desmatamento, poluiu os rios, levou nossos filhos para as drogas. As
autoridades precisam ouvir o índio”, lembrou Alessandra Munduruku. As
lideranças Munduruku e das comunidades tradicionais relataram também o aumento
recente das invasões das terras indígenas para a exploração ilegal de seus
recursos naturais, o que tem sido objeto de preocupação na região.
A ferrovia ligará as áreas de
monocultivo de soja do Mato Grosso ao rio Tapajós, na altura de Itaituba, no
Pará. O projeto foi apresentado pela ANTT, e questionado pelo MPF, por não ter
havido consulta prévia. O procedimento de concessão da estrada de ferro chegou
a ser suspenso em outubro do ano passado para que fosse realizada a consulta,
mas a ANTT conseguiu uma suspensão de segurança no Tribunal Regional Federal da
1ª Região, que garantiu o prosseguimento do projeto.
Levantamentos setoriais indicam que a
estimativa dos empresários locais é de escoar até 20 milhões de toneladas de
grãos do Mato Grosso pelos portos da Bacia Amazônica.