O rádio é o meio de comunicação que se
faz mais presente no Brasil. Esse dado foi obtido por meio do Atlas de Notícia,
levantamento realizado pelo PROJOR em parceria com a Abraji, Intercom e 22 escolas
de jornalismo com o apoio do Facebook Journalism Project, chega em sua terceira
edição, divulgada em 11.dez.2019. Os resultados apontam um fenômeno marcado
pela conjunção do fechamento de veículos impressos, a migração para o meio
digital e o aumento dos chamados desertos de notícias, municípios sem a
presença registrada de veículos jornalísticos.
Além dos dados, que possibilitam uma
avaliação do estado do jornalismo local no Brasil, a edição deste ano inclui
também a publicação de uma API (Interface de Programação de Aplicativos).
“Trata-se de um recurso muito utilizado por empresas de tecnologia, mas ainda
pouco implementado dentro do segmento jornalístico”, disse Sérgio Spagnuolo,
coordenador do Volt Data Lab e responsável pela realização do trabalho. “Esta
ferramenta permitirá a implementação de aplicações, automatização de análises e
gráficos e facilitação do uso dos dados do Atlas por pesquisadores.”
Rádio segue sobrevivendo
Foram mapeados 13.732 veículos em todas
as regiões do país. O segmento mais expressivo é o rádio, que corresponde a
35,5% do total; em seguida, vem impresso (29%), online (25,8%) e televisão
(9,8%). Essa predominância do rádio está atrelada a outro dado do Atlas: dentre
os 331 veículos jornalísticos fechados nos últimos meses, 60% eram impressos.
Com essa queda, os desertos de notícias
avançam no país. Cerca de 62% dos municípios brasileiros não têm a presença de
nenhum veículo jornalístico, enquanto 19,2% são considerados “quase desertos”,
onde existem até dois veículos. Essas regiões abrigam aproximadamente um terço
da população brasileira.
“Os dados agora reunidos pelos
pesquisadores do Atlas da Notícia, com apoio de 193 colaboradores voluntários
de escolas de jornalismo das cinco regiões do país, são uma base consistente
para que pesquisadores de todo o Brasil possam orientar novas investigações,”
diz Sérgio Lüdtke, editor do Comprova. “Esses dados permitirão detectar os
caminhos trilhados mais recentemente pelo jornalismo e identificar necessidades
das comunidades e oportunidades futuras que se abrem para os jornalistas
profissionais no Brasil.”
As informações completas do Atlas da
Notícia estão disponíveis no site.