A campanha Maio Vermelho foi criada para
conscientizar, prevenir e lutar contra o câncer de boca, alertando a população
sobre a gravidade da doença, as necessidades de cuidados e o diagnóstico
precoce. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), para o Brasil,
estimam-se 11.180 casos novos de câncer da cavidade oral em homens e 4.010 em
mulheres por ano, no triênio 2020 a 2022.
É o 5º tipo mais comum entre os homens e o 13º entre as mulheres,
excetuando o câncer de pele não melanoma. Os números correspondem a 4% de todos
os tipos de câncer.
O câncer da boca, também conhecido como câncer da cavidade oral, é um tumor maligno que afeta lábios, estruturas da boca, como gengivas, bochechas, céu da boca, língua (principalmente as bordas) e a região embaixo da língua.
Os maiores fatores de risco para o
câncer de boca são o tabagismo e o etilismo (alcoolismo), especialmente se
associados. “Aproximadamente 95 a 97% dos casos do câncer de boca estão
relacionados a eles. Outros fatores de risco estudados são: fatores genéticos,
exposição ao sol (válido para tumores de lábio), infecções virais e traumatismo
crônico por uso de próteses dentárias”, explica a oncologista clínica Paula
Sampaio.
O perigo que o álcool e o tabaco
associados representam é significativo. Alguém que fuma e bebe tem chances até
10 vezes maiores de desenvolver algum tipo de câncer de cabeça e pescoço. Por
causa dos ‘hábitos sociais’ de beber e fumar, os homens são mais acometidos em
relação às mulheres, numa proporção de 8 homens para duas mulheres, nos casos
do câncer de boca, faringe e laringe.
Coronavírus - Além da gravidade desse
tipo de câncer, a médica alerta para um outro risco, para os pacientes que
contraíram a doença por serem fumantes. “O INCA considera o tabagismo fator de
risco para o COVID-19. Devido a um possível comprometimento da capacidade
pulmonar, o fumante possui mais chances de desenvolver sintomas graves da
doença”, diz Paula Sampaio.
De acordo com as orientações do INCA, o
tabaco causa diferentes tipos de inflamação e prejudica os mecanismos de defesa
do organismo. Por esses motivos, os fumantes têm maior risco de infecções por
vírus, bactérias e fungos. Os fumantes são acometidos com maior frequência por
infecções como sinusites, traqueobronquites, pneumonias e tuberculose. “Além
disso, o consumo do tabaco também é a principal causa de câncer de pulmão e
importante fator de risco para doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), entre
outras doenças”, avalia.
Pesquisa feita na Universidade de
Ciência e Tecnologia de Huazhong, em Wuhan, na China, as pessoas que fumam têm
14 vezes mais chances de desenvolver quadros graves de Covid-19 do que os
pacientes que não possuem o hábito. Pessoas com histórico de tabagismo têm um
risco 14% maior de desenvolver pneumonia quando infectados pelo novo
coronavírus. Segundo os especialistas, isso acontece porque fumar causa um
quadro inflamatório crônico nos pulmões.
Sintomas - Os principais sinais e
sintomas do câncer de boca são: “Lesões (feridas) na cavidade oral ou nos
lábios que não cicatrizam por mais de 15 dias, que podem apresentar
sangramentos e estejam crescendo. Também devemos suspeitar de manchas/placas
vermelhas ou esbranquiçadas na língua, gengivas, céu da boca ou bochechas. O
paciente também pode referir dificuldade para engolir, falar ou sentir aumento
de linfonodos cervicais”, esclarece o doutor.
O diagnóstico do câncer de cavidade oral
normalmente pode ser feito com o exame clínico, mas com o isolamento social
recomendado durante a pandemia do coronavírus, as pessoas podem fazer um
autoexame em casa, em frente ao espelho, e consultarem um especialista caso
percebam alguma lesão nas mucosas da boca. A confirmação do diagnóstico depende
da biópsia. Alguns exames de imagem, como a tomografia computadorizada, também
auxiliam no diagnóstico e, principalmente, ajudam a avaliar a extensão do
tumor.
O tratamento para o câncer de boca, na
maioria das vezes, é cirúrgico, tanto para lesões menores, com cirurgias mais
simples, como para tumores maiores. A radioterapia e a quimioterapia são
indicadas para complementar o tratamento. “A chance de cura é maior quanto mais
cedo for identificado e tratado o tumor. Por isso é importante que as pessoas,
em especial as fumantes, procurem atendimento médico em caso de lesões na boca
por mais de 15 dias”, finaliza.
Previna-se e fique atento aos sintomas
Paula Sampaio destaca que é necessário
um olhar atento de cada um para mudança no seu corpo. A pessoa deve se
conhecer, e conhecer a própria boca significa olhar a cavidade bucal e não
apenas dentes e gengivas. Manchas – sendo rochas, vermelhas ou castanhas –
devem ser sinal de alerta. Feridas que não cicatrizam em duas semanas também
são sinal de problemas, mesmo uma ferida que não gera dor. “Não significa que
todos com esses sintomas serão diagnosticados com câncer de boca. Outras
doenças podem ser diagnosticadas. Mas os sinais não podem ser ignorados.
Dormência na boca, o surgimento de um caroço, dificuldade de engolir. Qualquer
mudança deve ser encaminhada ao profissional. O importante é que se mantenha um
olhar atento à saúde bucal”, orienta a especialista.
Como diminuir o risco de câncer de boca?
– Não fume;
– Reduza o consumo do álcool;
– Mantenha uma boa higiene bucal;
– Tenha hábitos saudáveis, com uma
alimentação rica em frutas, verduras e legumes;
– Visite o dentista regularmente;
– Fique atento à mudança na sua boca.
Autoexame - Se você examinar sua boca com a ajuda de um
espelho e identificar mudanças de cor, textura, sensibilidade, lesões procure
um especialista.
- Comece pelos lábios tanto na parte
interna como na externa. Observe se há mudança de cor ou áreas endurecidas.
- Examine a bochecha dos dois lados.
- Coloque a língua para fora, para um
lado e para o outro.
- Sempre observe a cor e qualquer
alteração na boca. Olhe bem a parte mais próxima à garganta.
- Incline a cabeça para frente, coloque
a língua no céu da boca e observe embaixo da língua.
- Incline a cabeça para trás e observe o
céu da boca.