Professora Cassiane Echevenguá dos Santos Amaral - Foto Usina de Notícias |
A experiência de se tornar mãe é vivenciada de forma diferente por cada mulher, mas geralmente é marcada por sentimentos divergentes. Ao mesmo tempo em que, para muitas, é a realização de um sonho e uma grande alegria, também é um momento de fragilidade emocional e física, próprias da experiência.
Essa dicotomia é algo natural, conforme
explica a Psicóloga e Coordenadora Acadêmica da Estácio, Cassiane Amaral:
"O período do puerpério é um momento muito delicado, que mobiliza porque
deixamos de ser filhos de nossos pais para nos tornarmos pais de nossos filhos.
Muitas mulheres se sentem tristes e inseguras. Existe, muitas vezes, um apelo
da mídia que incentiva a amamentação com mulheres maquiadas, plenas e que
esquecem de abordar que o início da amamentação é dolorido, difícil e que nem
todas as mulheres conseguirão manter este processo e que tudo bem se sentir
assim".
Carolina Lewis Picolotto e Catarina Lewis Picolotto Crédito Céu de Renda (3) |
Carolina Lewis Picolotto, que se tornou
mãe da Catarina em 4 de outubro de 2020, concorda que o isolamento social foi o
seu maior desafio em vivenciar a maternidade durante a pandemia. "O ponto
negativo que eu vejo foi o fato de não poder partilhar esse momento com amigos
e familiares da forma como imaginávamos. Quando iniciou a pandemia, que foi bem
quando eu descobri a gravidez, queria que fosse diferente, fiquei pensando 'bem
agora que estou vivendo o momento mais importante da minha vida acontece isso'.
Lamentei por não poder estar com quem eu amo naquele momento, principalmente
quando fizemos o chá de fraldas", desabafa a nova mamãe.
Benefícios que a pandemia trouxe à
experiência da maternidade
Para a mamãe, um elemento muito importante para conseguir ressignificar essa vivência foi sua fé. "Esse momento de pandemia me permitiu fortalecer mais a mente, corpo e alma, principalmente a minha fé. Por conta disso, em nenhum momento me desesperei, nem tive medo, embora a situação fosse propícia para isso. Com certeza, isso me fez muito mais forte e resiliente como pessoa, mas principalmente como mãe", declara.
Refletindo sobre sua experiência,
Carolina entende que os momentos bons superaram qualquer dificuldade: "Foi
uma experiência com muitos mais pontos positivos que negativos com toda a
certeza. Gerar uma vida já é algo único e especial, gerar uma vida em um
momento em que a morte estava em evidência, trouxe esperança e força para nossa
família, nos fez relembrar que a vida se renova a cada dia", afirma.
A pandemia, certamente, apresenta
fatores agravantes para a fragilidade emocional materna. Porém, independente do
momento atual, a saúde mental das mulheres que passam pelo puerpério deve ser
alvo de cuidado e atenção. Qualquer mulher pode vivenciar momentos de tristeza
e até uma depressão pós-parto.