Uma palavra vem se tornando cada vez
mais rotineira nos noticiários: flurona. É o termo usado para designar uma
infecção simultânea pelo novo coronavírus e pelo vírus Influenza, causador da
gripe. A palavra deriva de "flu" (gripe em inglês) e do termo corona.
Especialistas dizem que os casos de infecção simultânea entre coronavírus e
Influenza já eram esperados, e que não necessariamente são mais graves que os
casos em que há infecção por apenas um dos vírus.
Desde o início da pandemia, a Secretaria
de Estado de Saúde Pública (Sespa) recomenda que grávidas e puérperas - que
tiveram filhos nos últimos 45 dias - devem continuar em isolamento social,
permanecendo o maior tempo possível em casa, evitando contato com pessoas
doentes, e se dirigir ao pronto atendimento quando for realmente necessário, além
de lavar as mãos com frequência.
De acordo com o médico infectologista
Paulo Henrique Seabra de Farias, esses cuidados fazem parte de uma série de
recomendações, em função das grávidas e puérperas serem mais vulneráveis à
infecção pelo coronavírus, tal como idosos e pessoas com comorbidades, que
apresentaram, nas primeiras ondas da pandemia, elevados índices de letalidade,
e integram grupos de risco para complicações da Covid-19.
"Gestação e puerpério são períodos
em que as mulheres ficam mais vulneráveis devido às mudanças fisiológicas do
corpo, e acabam ficando mais suscetíveis às infecções. Por isso, elas acabam
sendo grupo de risco", explica Paulo Farias, coordenador da Assessoria de
Controle de Infecção Hospitalar da Fundação Santa Casa.
Além disso, a inclusão dessas mulheres
levou em consideração a ação de outros coronavírus e vírus gripais já
conhecidos e estudados, como o Influenza. Como a Covid-19 é uma doença que
favorece a formação de trombos, a combinação Covid e gravidez é extremamente
preocupante.
Rigor nos cuidados - Estudos científicos
apontam que a fisiopatologia do vírus H1N1 pode apresentar letalidade nesses
grupos associados à história clínica de comorbidades dessas mulheres. Sendo
assim, para a infecção pela Covid-19 o risco é semelhante pelos mesmos motivos
fisiológicos, embora ainda não tenha estudo específico conclusivo.
"Portanto, os cuidados com gestantes e puérperas devem ser rigorosos e
contínuos, independentemente do histórico clínico das pacientes", afirma o
médico.
No começo deste ano, a dona de casa
Betânia Farias de Melo, 22 anos, preparava-se para o nascimento da filha
Vitória, quando tudo mudou. Na 36ª semana de gestação, saudável e livre de
qualquer intercorrência, ela apresentou sintomas comuns da Covid-19, gripe e
resfriado, e foi levada à emergência obstétrica da Fundação Santa Casa de
Misericórdia do Pará (FSCMP) no último dia 17.
Depois de 11 dias de internação
hospitalar, Vitória nasceu. Atualmente, recuperada e livre da confirmação da
doença, a dona de casa conta que acabou relaxando os cuidados com o novo
coronavírus. Mas agora, com a chegada da filha, pretende reforçar a proteção.
"Às vezes, eu me protegia, e às vezes, não. Agora, com a chegada da
Vitória, todos os cuidados em casa serão redobrados", garante.
Procedimentos - A prevenção da infecção
simultânea pelo coronavírus e Influenza em gestantes e puérperas baseia-se em
isolamentos de casos confirmados e distanciamento social para os contatos, uso
de máscaras e práticas de higiene, incluindo etiqueta respiratória e lavagem
correta das mãos com água e sabão ou álcool 70%.
As práticas de higiene e a correta
utilização das máscaras e demais equipamentos de proteção individual (EPI)
devem ser observadas. Para prevenção da Covid-19 deve ser reforçado que as
gestantes e seus acompanhantes respeitem o uso constante de máscara, redobrem
os cuidados de higiene e mantenham o distanciamento recomendado em todos os
locais de atendimento.
A Fundação Santa Casa ressalta que as
precauções para gestantes e puérperas evitarem a infecção pelo novo coronavírus
seguem os mesmos protocolos recomendados à população, com alguns itens a mais.
Assim, grávidas e mulheres em fase de amamentação devem atentar para as
seguintes recomendações:
- Continuar a rotina de acompanhamento
médico;
- Usar máscara de tecido ou descartável
se precisar sair de casa;
- Vacinar-se contra a gripe e a
Covid-19;
- Manter a rotina de amamentação;
- Lavar sempre as mãos com água e sabão
ou passar álcool em gel, principalmente antes de tocar no bebê, e manter
superfícies e objetos limpos e desinfetados;
- Evitar receber visitas neste momento;
- Se tiver febre, tossir ou sentir
dificuldade para respirar, procurar assistência médica imediatamente.
Vacinação - Em tempos de pandemia também
de notícias falsas, muitas pessoas passaram a olhar as vacinas com
desconfiança, baseadas em informações infundadas compartilhadas, sobretudo, em
aplicativos de mensagens e redes sociais.
Já são quase dois anos que o mundo
convive com o novo coronavírus. Embora, no Brasil, os números tenham melhorado,
sobretudo por conta das altas taxas de vacinação da população, é preciso
lembrar que a pandemia ainda não acabou. Novas variantes, como a Ômicron, que
ganha destaque nos noticiários mundiais e já foi notificada em território
nacional, continuam surgindo. Antes das vacinas, as grávidas e puérperas eram
alguns dos grupos mais atingidos pelo vírus. Agora, o cuidado deve continuar
redobrado.
As vacinas estimulam a produção das
defesas do organismo por meio de anticorpos específicos. Quando o vírus se
instala no corpo, o sistema de defesa é reativado pelo sistema imunológico,
limitando ou paralisando a ação e enfraquecendo os riscos de adoecimento.
As recomendações são as mesmas para
todas as vacinas, como procurar o serviço de saúde em casos de reações
adversas, evitar bebidas alcoólicas por 48 horas e respeitar o intervalo entre
as doses da vacina contra a Covid-19.
As informações sobre a vacinação são
fornecidas pelas Secretarias Municipais de Saúde. A população pode acompanhar o
andamento da campanha em todo o Estado na página do Vacinômetro -
http://www.saude.pa.gov.br/vacinometro/.
Texto: Rafaela Soeiro - Ascom/Santa Casa