Segundo dados divulgados pela Sociedade
Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE), o retinoblastoma é um câncer comum
na infância, que surge na retina (uma fina camada de tecido nervoso que reveste
a parte posterior do olho). Ele é o responsável por até 15% de todos os
cânceres no primeiro ano de vida, acometendo aproximadamente uma a cada 15 mil
crianças.
A médica especializada em oncologia
pediátrica, Fabíola Puty, que integra a equipe de profissionais do Hospital
Oncológico Infantil Octávio Lobo, em Belém (PA), explica sobre esse tipo de
câncer.
“É um tumor maligno que nasce na retina
por meio de células primitivas. Em 95% dos casos, surge antes dos cinco anos de
idade. Mas, considerando como tumor ocular, trata-se do mais comum na
infância”, destaca Fabíola.
A oncopediatra chama a atenção para algo
imprescindível: o diagnóstico precoce. “Sempre enfatizamos ser fundamental
falar sobre o câncer, seus sinais e sintomas. Toda a sociedade precisa ter
conhecimento sobre esse problema, para que reconheçam e saibam que se trata de
uma doença grave, que precisa de imediata intervenção médica”, afirma a
especialista.
O Hospital Oncológico Infantil Octávio
Lobo é a principal referência na região Norte do país para atendimento em
oncologia pediátrica, para crianças e adolescentes de municípios do Pará e
Amapá. Somente em 2021, realizou mais de 341 mil atendimentos entre serviços
ambulatoriais, consultas, exames, cirurgias, quimioterapias, dentre outros.
O retinoblastoma é uma doença que tem
cura. Com o tratamento adequado e feito precocemente, chega-se a uma taxa de
sobrevida de até 95%. “Um caso diagnosticado precocemente tem o dobro de
chances de cura de um em estágio avançado”, observa a oncopediatra.
“O diagnóstico precoce permite que a
criança receba menos quimioterapia, menos procedimentos invasivos de
medicamentos, dentre outras ações. O tratamento fica muito simples e curativo
quando tratamos uma doença menor, com menos volume”, ressalta a médica.
Cuidados
O primeiro cuidado que os pais e
responsáveis devem ter é fazer o teste do olhinho quando a criança nasce, pois,
alguns casos podem ser congênitos. O teste do olhinho, também conhecido como
teste do reflexo vermelho, é fundamental para detectar se há sinais
esbranquiçados no olho da criança.
Já ao longo do primeiro ano de vida,
todos que convivem com a criança devem observar com atenção os sinais clínicos
que podem ajudar a detectar casos de retinoblastoma como, por exemplo, baixa
visão, estrabismo, sensibilidade à luz e olho que muda de forma.
Outro sinal de alerta comum é por meio
de fotografias com flash, onde a criança apresenta um reflexo branco nos olhos.
“O nome técnico do sinal branco causado pela projeção do tumor dentro do olho é
chamado de leucocoria, reflexo branco na pupila, quando o normal deve ser
vermelho, ou popularmente conhecido como "olho de gato", explica.
“Com a suspeita de retinoblastoma, o
paciente deve ser encaminhado ao serviço de oncologia para ser feito o
diagnóstico e tratamento especializado com equipe multidisciplinar, sendo
necessário sessões de quimioterapia e acompanhamento com o oftalmologista para
as terapias locais”, complementa a médica.