A gravidez na adolescência se tornou um
importante tema de debate no Brasil e no mundo. Na Semana Nacional de Prevenção
à Gravidez, de 1° a 5 de fevereiro, organizações, poder público e sociedade
civil discutem e desenvolvem ações sobre medidas preventivas e educativas que
contribuam com a redução do número de partos de mulheres nessa fase da vida.
Segundo o Fundo de População das Nações
Unidas (UNFPA), das 7,3 milhões de meninas e jovens grávidas no mundo, 2
milhões têm menos de 14 anos. No Brasil, um em cada sete bebês é filho de mãe
adolescente.
Dados do Sistema de Informações sobre
Nascidos Vivos (Sinasc) mostram que dos quase 3 milhões de nascidos em 2019, no
país, cerca de 399 mil eram filhos de mães entre 15 e 19 anos.
Entre meninas de 10 e 14 anos esse
número também é alto, mais de 19 mil casos em 2019, o que significa que a cada
30 minutos, uma menina de 10 a 14 anos torna-se mãe.
Principais riscos
Segundo a ginecologista e obstetra
Waléria Plácido, que atua no Hospital Materno-Infantil de Barcarena Dra. Anna
Turan (HMIB), unidade gerenciada pela Pró-Saúde, adolescentes que engravidam
sofrem maiores riscos de adquirir problemas físicos, psicológicos e sociais.
“Os riscos à saúde da mãe e bebê são
muitos, como anemia, aborto espontâneo, hipertensão que pode desenvolver uma
eclâmpsia ou pré-eclâmpsia, risco de parto prematuro, pois o útero ainda está
em desenvolvimento. São situações que necessitam de cuidados intensivos e até
mesmo internações ”, afirma.
A profissional ressalta que a
adolescência é uma fase que o corpo ainda está em desenvolvimento, e maioria
das vezes, a adolescente não está preparada, de forma fisiológica, para receber
uma criança, e essas mudanças impactam também em problemas cognitivos e
sociais.
Na maior parte das vezes não há
assiduidade ao pré-natal e cuidados durante a gestação. “Muitas adolescentes
não possuem entendimento sobre todas as fases da gravidez e não fazem
acompanhamento com médicos”, disse.
“Essas adolescentes não estão preparadas
para todas as mudanças que virão com a gestação, com o corpo, o ambiente
familiar e a escola. Isso impacta na saúde mental das mães, no vínculo entre
mãe e filho e também na amamentação”, acrescenta.
Relação sexual na adolescência: desinformação
e tabus
Segundo a assistente social da Pró-Saúde, Licia Furtado, que atua no
HMIB, apesar de haver mais informações sobre formas de prevenção da gravidez
precoce ainda há muitos dúvidas sobre métodos contraceptivos.
“Adolescente têm muitas dúvidas sobre o
ato da relação sexual e forma de proteção contra gravidez e doenças sexualmente
transmissíveis. É comum termos relatos do uso inadequado dos métodos
contraceptivos, abandono por escolhas pessoais e falta de conhecimento sobre o
uso”, ressalta a profissional.
A assistente social destaca ainda que a
falta de planejamento familiar e os tabus em torno do tema dificultam a
propagação da informação sobre prevenção da gravidez na adolescência.
“Há muitos tabus em falar sobre sexo,
principalmente no início da adolescência. É fundamental os pais permitirem o
acesso à educação sexual e orientarem as
adolescentes sobre as consultas ginecológicas e formas de prevenção. Há métodos
contraceptivos, como camisinha e DIU, na rede pública e orientação com profissionais
de saúde”.
O Hospital Materno-Infantil de Barcarena
Dra. Anna Turan é uma unidade que pertence ao Governo do Estado do Pará, sendo
gerenciada pela Pró-Saúde desde a sua inauguração, em 2018. A unidade está
localizada a 114km da capital Belém.
O hospital é referência em casos de
média e alta complexidades na região do Baixo Tocantins, e presta atendimento
100% gratuito por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Em seus dois anos de
funcionamento, já realizou mais de 3.000 partos e cerca de 165 mil
atendimentos, entre consultas, internações, exames e cirurgias.